O monitoramento geotécnico é um dos pilares da segurança operacional na mineração.
Trata-se de um procedimento fundamental para prevenir acidentes, garantir a segurança operacional e atender às exigências estabelecidas por normas e legislações brasileiras, como a Lei nº 12.334/2010 – que institui a Política Nacional de Segurança de Barragens – e a NBR 13.028/2006, que define diretrizes para projetos de barragens de rejeitos.
Mais do que “cumprir tabela”, trata-se de conhecer o comportamento das estruturas — taludes, pilhas, cavas, estradas, estruturas de contenção e, sobretudo, barragens e pilhas de rejeitos — para tomar decisões rápidas e fundamentadas.
O melhor dos cenários combina instrumentação confiável, telemetria robusta, análises avançadas e integração com outras metodologias de gestão de risco, como o monitoramento hidrogeológico.
Nesse contexto, Inteligência Artificial (IA), drones, sensoriamento remoto e automação elevam a precisão e a velocidade de resposta. E isso reduz incertezas e contribui para a conformidade com a legislação de segurança de barragens e estruturas de mineração.
Monitoramento geotécnico
O monitoramento geotécnico sustenta a tomada de decisão diária e a gestão de risco ao longo de todo o ciclo de vida da mina.
Trata-se de um procedimento que combina instrumentação de campo, observação sistemática e análise de dados para entender como taludes, cavas, pilhas de estéril, estradas, estruturas de contenção e fundações se comportam no tempo.
A qualidade do programa depende da boa definição de objetivos ― a partir do que precisa ser observado e por quê ―, do posicionamento adequado dos instrumentos, da frequência e da rastreabilidade das medições, além de um processo rigoroso de qualidade.
Quando integrado ao monitoramento hidrogeológico, fornece uma visão mais completa: níveis freáticos, pressões de poro e fluxos de água passam a ser considerados junto às deformações e deslocamentos, melhorando previsões e reduzindo incertezas operacionais.
Campos de aplicação
Os principais cenários de aplicação do monitoramento geotécnico são:
- mineração: barragens de rejeitos, pilhas de estéril, taludes de cava, galerias subterrâneas;
- taludes de mina a céu aberto, onde o foco está em deformações e pressões de poro que podem anteceder instabilidades;
- pilhas de estéril e pilhas de minério, que exigem controle de recalques, drenagem e estabilidade global;
- energia: barragens de usinas hidrelétricas e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs);
- infraestrutura: túneis, muros de contenção, aterros rodoviários e ferroviários;
- fundações de plantas e estruturas civis, nas quais recalques diferenciais e vibrações precisam ser controlados;
- estradas e platôs operacionais, onde a integridade do subleito e do pavimento influência segurança e produtividade.
Cabe ressaltar que, em minas subterrâneas, o monitoramento acompanha convergência, tensões e condições de maciço rochoso. Já em estruturas hidráulicas e de drenagem, observa-se o desempenho de canais, vertedouros, bueiros e talvegues, com atenção a erosões internas e urgências.
Em todos os casos, a leitura conjunta de dados geotécnicos e hidrogeológicos ajuda a explicar o “porquê” por trás do “o que” está mudando no terreno.
Tecnologias mais aplicadas ao monitoramento geotécnico
Antes de falar, especificamente, de tecnologias avançadas, esclarecemos que a instrumentação tradicional permanece essencial para o monitoramento geotécnico. Entre os recursos mais utilizados, estão:
- piezômetros e portas de pressão: medem a pressão da água nos solos e rochas, auxiliando na avaliação de estabilidade;
- inclinômetros, extensômetros e marcos superficiais: detectam deslocamentos horizontais no terreno;
- medidores de vazão: monitoram o fluxo de água em estruturas;
- InSAR (Interferometria por Radar de Abertura Sintética): mapeia deslocamentos superficiais com alta precisão;
- sistemas de telemetria: integram os dados em tempo real a plataformas de análise, enquanto rotinas de governança garantem integridade, versionamento, trilhas de auditoria e rastreabilidade de decisões.
Monitoramento geotécnico em estruturas de disposição de rejeitos
Nas estruturas de disposição de rejeitos, o monitoramento deve cobrir, de forma coordenada, estabilidade, hidráulica e desempenho construtivo.
É preciso controlar a posição da linha freática, os gradientes hidráulicos e as pressões de poro, bem como deformações verticais e horizontais em barragens, diques e fundações. Ainda, deve-se observar as condições de praia de rejeitos, bordas livres e sistemas de drenagem e percolação, buscando sinais precoces de piping, erosões internas ou surgências.
Como essas estruturas evoluem por etapas, a leitura integrada de dados ao longo do adensamento e ao longo das fases de alteamento permite identificar tendências antes que se convertam em risco. A documentação contínua — com relatórios, dashboards, matrizes de gatilho e procedimentos de resposta — dá previsibilidade às ações operacionais e fornece evidências de conformidade e due diligence.
Técnicas modernas de monitoramento geotécnico
Como mencionamos, embora a instrumentação tradicional permaneça válida, existem recursos mais avançados que podem potencializar a realização e qualidade do monitoramento geotécnico. Veja só:
Inteligência Artificial (IA)
A IA entra para organizar, filtrar e antecipar comportamentos. Em séries temporais, modelos preditivos são úteis para:
- projetar níveis e deslocamentos;
- estimar a sazonalidade;
- separar ruído de sinal, destacando desvios relevantes do padrão.
Além disso, os algoritmos de detecção de anomalias cruzam múltiplas fontes, como radar de taludes, piezômetros e pluviometria para apontar combinações de sinais que merecem atenção, reduzindo falsos positivos e priorizando inspeções em campo.
Em uma fusão de dados, a IA integra telemetria, inspeções visuais, históricos de manutenção e registros de obra para construir uma “linha do tempo” confiável de cada estrutura.
Quando bem governada, com validação humana e critérios claros de interpretabilidade, a IA se torna uma camada de inteligência que acelera a tomada de decisão sem substituir o juízo técnico nos processos de monitoramento geotécnico.
Drones
Por sua vez, os drones ampliam a cobertura e a frequência das inspeções com segurança e custo controlado. Em poucos minutos, é possível levantar mosaicos de fotografias aéreas (ortomosaicos) e modelos digitais de terreno atualizados, comparando etapas de obra, volumes e geometrias com precisão centimétrica.
Sensores e câmeras térmicas ou multiespectrais revelam descontinuidades, umidade superficial, surgências e áreas com alteração de vegetação, que podem indicar problemas de drenagem ou erosão.
Ainda, rotas autônomas e repetíveis permitem criar séries históricas consistentes, enquanto a integração direta com GIS e plataformas de análise facilita o acompanhamento de tendências e a emissão de relatórios visuais de alto impacto.
Monitoramento geotécnico em tempo real: segurança e eficiência
O monitoramento geotécnico em tempo real organiza dados, pessoas e processos em torno de um mesmo painel de controle. Em barragens e pilhas de rejeitos, é crucial para prevenir modos de falha como:
- erosão interna (piping);
- liquefação estática e dinâmica;
- galgamento (overtopping);
- instabilidade de taludes.
Cada modo de falha demanda parâmetros específicos de monitoramento e instrumentos dedicados, alinhados a um Plano de Ação de Emergência e ao Plano de Fechamento de Mina (PFM).
Ainda, o uso de telemetria confiável, canais de comunicação redundantes e alimentação elétrica com contingência assegura que os sensores “conversem” com a sala de controle sem interrupções.
Por sua vez, dashboards consolidam leituras e previsões, aplicam matrizes de gatilho com níveis de alerta graduados, registram decisões e disparam notificações para as equipes responsáveis. As rotinas de controle de qualidade automáticas validam valores, sinalizam inconsistências e bloqueiam decisões baseadas em dados suspeitos.
O processo ainda possibilita simulados periódicos, procedimentos operacionais claros e treinamentos que mantêm as equipes prontas para responder de forma coordenada a qualquer elevação de risco.
O resultado é uma operação mais eficiente, com inspeções dirigidas por dados, resposta ágil e documentação completa do que foi visto, decidido e executado.
Monitoramento geotécnico é com a BVP
A maturidade em monitoramento geotécnico é alcançada a partir da combinação de fundamentos bem executados e de tecnologias que agregam velocidade, cobertura e previsibilidade.
Conforme explicado, instrumentação adequada, dados confiáveis e processos disciplinados formam a base; sensoriamento remoto, integração em tempo real, IA e drones elevam o patamar de detecção precoce e análise preditiva.
Além disso, ao integrar geotecnia e hidrogeologia, cria-se um quadro mais fiel do comportamento das estruturas, o que reduz incertezas, melhora a segurança e reforça a conformidade.
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