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Monitoramento Geotécnico na Mineração: Inteligência Artificial aplicada, Drones e Telemetria

set 15, 2025 | Engenharia

O monitoramento geotécnico é um dos pilares da segurança operacional na mineração.

Trata-se de um procedimento fundamental para prevenir acidentes, garantir a segurança operacional e atender às exigências estabelecidas por normas e legislações brasileiras, como a Lei nº 12.334/2010 – que institui a Política Nacional de Segurança de Barragens – e a NBR 13.028/2006, que define diretrizes para projetos de barragens de rejeitos.

Mais do que “cumprir tabela”, trata-se de conhecer o comportamento das estruturas — taludes, pilhas, cavas, estradas, estruturas de contenção e, sobretudo, barragens e pilhas de rejeitos — para tomar decisões rápidas e fundamentadas.

O melhor dos cenários combina instrumentação confiável, telemetria robusta, análises avançadas e integração com outras metodologias de gestão de risco, como o monitoramento hidrogeológico.

Nesse contexto, Inteligência Artificial (IA), drones, sensoriamento remoto e automação elevam a precisão e a velocidade de resposta. E isso reduz incertezas e contribui para a conformidade com a legislação de segurança de barragens e estruturas de mineração.

Monitoramento geotécnico

O monitoramento geotécnico sustenta a tomada de decisão diária e a gestão de risco ao longo de todo o ciclo de vida da mina.

Trata-se de um procedimento que  combina instrumentação de campo, observação sistemática e análise de dados para entender como taludes, cavas, pilhas de estéril, estradas, estruturas de contenção e fundações se comportam no tempo.

A qualidade do programa depende da boa definição de objetivos ― a partir do que precisa ser observado e por quê ―, do posicionamento adequado dos instrumentos, da frequência e da rastreabilidade das medições, além de um processo rigoroso de qualidade.

Quando integrado ao monitoramento hidrogeológico, fornece uma visão mais completa: níveis freáticos, pressões de poro e fluxos de água passam a ser considerados junto às deformações e deslocamentos, melhorando previsões e reduzindo incertezas operacionais.

Campos de aplicação

Os principais cenários de aplicação do monitoramento geotécnico são:

  • mineração: barragens de rejeitos, pilhas de estéril, taludes de cava, galerias subterrâneas;
    • taludes de mina a céu aberto, onde o foco está em deformações e pressões de poro que podem anteceder instabilidades;
    • pilhas de estéril e pilhas de minério, que exigem controle de recalques, drenagem e estabilidade global;
  • energia: barragens de usinas hidrelétricas e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs);
  • infraestrutura: túneis, muros de contenção, aterros rodoviários e ferroviários;
    • fundações de plantas e estruturas civis, nas quais recalques diferenciais e vibrações precisam ser controlados;
    • estradas e platôs operacionais, onde a integridade do subleito e do pavimento influência segurança e produtividade.

Cabe ressaltar que, em minas subterrâneas, o monitoramento acompanha convergência, tensões e condições de maciço rochoso. Já em estruturas hidráulicas e de drenagem, observa-se o desempenho de canais, vertedouros, bueiros e talvegues, com atenção a erosões internas e urgências.

Em todos os casos, a leitura conjunta de dados geotécnicos e hidrogeológicos ajuda a explicar o “porquê” por trás do “o que” está mudando no terreno.

Tecnologias mais aplicadas ao monitoramento geotécnico

Antes de falar, especificamente, de tecnologias avançadas, esclarecemos que a instrumentação tradicional permanece essencial para o monitoramento geotécnico. Entre os recursos mais utilizados, estão:

  • piezômetros e portas de pressão: medem a pressão da água nos solos e rochas, auxiliando na avaliação de estabilidade;
  • inclinômetros, extensômetros e marcos superficiais: detectam deslocamentos horizontais no terreno;
  • medidores de vazão: monitoram o fluxo de água em estruturas;
  • InSAR (Interferometria por Radar de Abertura Sintética): mapeia deslocamentos superficiais com alta precisão;
  • sistemas de telemetria: integram os dados em tempo real a plataformas de análise, enquanto rotinas de governança garantem integridade, versionamento, trilhas de auditoria e rastreabilidade de decisões.

Monitoramento geotécnico em estruturas de disposição de rejeitos

Nas estruturas de disposição de rejeitos, o monitoramento deve cobrir, de forma coordenada, estabilidade, hidráulica e desempenho construtivo.

É preciso controlar a posição da linha freática, os gradientes hidráulicos e as pressões de poro, bem como deformações verticais e horizontais em barragens, diques e fundações. Ainda, deve-se observar as condições de praia de rejeitos, bordas livres e sistemas de drenagem e percolação, buscando sinais precoces de piping, erosões internas ou surgências.

Como essas estruturas evoluem por etapas, a leitura integrada de dados ao longo do adensamento e ao longo das fases de alteamento permite identificar tendências antes que se convertam em risco. A documentação contínua — com relatórios, dashboards, matrizes de gatilho e procedimentos de resposta — dá previsibilidade às ações operacionais e fornece evidências de conformidade e due diligence.

Técnicas modernas de monitoramento geotécnico

Como mencionamos, embora a instrumentação tradicional permaneça válida, existem recursos mais avançados que podem potencializar a realização e qualidade do monitoramento geotécnico. Veja só:

Inteligência Artificial (IA)

A IA entra para organizar, filtrar e antecipar comportamentos. Em séries temporais, modelos preditivos são úteis para:

  • projetar níveis e deslocamentos;
  • estimar a sazonalidade;
  • separar ruído de sinal, destacando desvios relevantes do padrão.

Além disso, os algoritmos de detecção de anomalias cruzam múltiplas fontes, como radar de taludes, piezômetros e pluviometria para apontar combinações de sinais que merecem atenção, reduzindo falsos positivos e priorizando inspeções em campo.

Em uma fusão de dados, a IA integra telemetria, inspeções visuais, históricos de manutenção e registros de obra para construir uma “linha do tempo” confiável de cada estrutura.

Quando bem governada, com validação humana e critérios claros de interpretabilidade, a IA se torna uma camada de inteligência que acelera a tomada de decisão sem substituir o juízo técnico nos processos de monitoramento geotécnico.

Drones

Por sua vez, os drones ampliam a cobertura e a frequência das inspeções com segurança e custo controlado. Em poucos minutos, é possível levantar mosaicos de fotografias aéreas (ortomosaicos) e modelos digitais de terreno atualizados, comparando etapas de obra, volumes e geometrias com precisão centimétrica.

Sensores e câmeras térmicas ou multiespectrais revelam descontinuidades, umidade superficial, surgências e áreas com alteração de vegetação, que podem indicar problemas de drenagem ou erosão.

Ainda, rotas autônomas e repetíveis permitem criar séries históricas consistentes, enquanto a integração direta com GIS e plataformas de análise facilita o acompanhamento de tendências e a emissão de relatórios visuais de alto impacto.

Monitoramento geotécnico em tempo real: segurança e eficiência

O monitoramento geotécnico em tempo real organiza dados, pessoas e processos em torno de um mesmo painel de controle. Em barragens e pilhas de rejeitos, é crucial para prevenir modos de falha como:

  • erosão interna (piping);
  • liquefação estática e dinâmica;
  • galgamento (overtopping);
  • instabilidade de taludes.

Cada modo de falha demanda parâmetros específicos de monitoramento e instrumentos dedicados, alinhados a um Plano de Ação de Emergência e ao Plano de Fechamento de Mina (PFM).

Ainda, o uso de telemetria confiável, canais de comunicação redundantes e alimentação elétrica com contingência assegura que os sensores “conversem” com a sala de controle sem interrupções.

Por sua vez, dashboards consolidam leituras e previsões, aplicam matrizes de gatilho com níveis de alerta graduados, registram decisões e disparam notificações para as equipes responsáveis. As rotinas de controle de qualidade automáticas validam valores, sinalizam inconsistências e bloqueiam decisões baseadas em dados suspeitos. 

O processo ainda possibilita simulados periódicos, procedimentos operacionais claros e treinamentos que mantêm as equipes prontas para responder de forma coordenada a qualquer elevação de risco.

O resultado é uma operação mais eficiente, com inspeções dirigidas por dados, resposta ágil e documentação completa do que foi visto, decidido e executado.

Monitoramento geotécnico é com a BVP

A maturidade em monitoramento geotécnico é alcançada a partir da combinação de fundamentos bem executados e de tecnologias que agregam velocidade, cobertura e previsibilidade.

Conforme explicado, instrumentação adequada, dados confiáveis e processos disciplinados formam a base; sensoriamento remoto, integração em tempo real, IA e drones elevam o patamar de detecção precoce e análise preditiva.

Além disso, ao integrar geotecnia e hidrogeologia, cria-se um quadro mais fiel do comportamento das estruturas, o que reduz incertezas, melhora a segurança e reforça a conformidade.

 Se você deseja revisar seu programa, selecionar tecnologias, integrar dados ou estruturar gatilhos e respostas alinhadas às suas obrigações regulatórias, pode contar conosco. Oferecemos apoio e know how desde o diagnóstico até a implantação, com foco em ganhos rápidos, governança sólida e resultados sustentáveis.

A BVP oferece soluções completas em monitoramento geotécnico e hidrogeológico, integrando tecnologia, expertise e conformidade legal. Conheça nossos serviços e saiba como podemos ajudar a proteger suas operações!

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