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Mineração sustentável: o caminho para mais segurança, ética e inovação

maio 27, 2025 | Engenharia

Falar de mineração sustentável sem lembrar as tragédias de Mariana e Brumadinho é deixar de fora o contexto que tornou urgente a adoção de práticas a favor de uma relação mais positiva com o meio ambiente, além de práticas mais éticas e seguras para todos.

Esses desastres foram um divisor de águas da mineração brasileira, deixando clara a necessidade de repensarmos a cultura e a governança das operações mineradoras. Não sem razão, motivaram um novo arcabouço legal e social que inclui a Lei nº 14.066/2020, diversas resoluções da Agência Nacional de Mineração (ANM) e a Política Estadual de Segurança de Barragens em Minas Gerais.

Esse novo cenário incentiva o avanço em direção a modelos que priorizam a sustentabilidade na mineração, com ênfase na aplicação dos princípios ESG (Environmental, Social and Governance).

O que é mineração sustentável

A mineração sustentável envolve a integração de práticas que visam reduzir os impactos ambientais, promover o respeito às comunidades locais e garantir uma governança responsável.

Falamos de um modelo que alia a eficiência operacional à inovação, sempre com o cuidado de preservar os recursos naturais e minimizar riscos geotécnicos. Ao adotar padrões mais rígidos e transparentes, a indústria não só cumpre as exigências legais, como reconquista a confiança da sociedade e dos investidores.

Em suma, a mineração sustentável é uma resposta às críticas históricas ao setor, atuando de forma preventiva e estratégica para evitar novos desastres e construir uma gestão mais ética.

ESG na mineração

A incorporação dos princípios ESG está transformando a forma como as empresas mineradoras operam no Brasil. Com uma pressão crescente de investidores, consumidores e órgãos reguladores, o setor tem se empenhado em elevar seus padrões de segurança ambiental, responsabilidade social e transparência corporativa.

Aspecto ambiental

A preocupação com o meio ambiente tem levado à adoção de tecnologias para minimizar a geração de resíduos e o uso de fontes de energia renováveis. A automação de processos, por exemplo, aumenta a eficiência operacional e reduz a pegada de carbono das atividades, contribuindo para a preservação dos recursos naturais.

Questão social

Além disso, o diálogo com as comunidades locais e o investimento em projetos de desenvolvimento social são fundamentais para mitigar os impactos e promover a inclusão social, além de favorecer a opinião pública acerca da mineração.

A responsabilidade com as pessoas é um pilar central para a construção de um setor que respeita e valoriza as relações humanas, transformando vidas e comunidades beneficiadas. Cabe lembrar, também, que o ESG na mineração precisa ter atenção especial ao S de Social.

Governança corporativa

Ainda, transparência, ética e responsabilidade são as bases que sustentam uma governança corporativa robusta.

Como mencionamos, a implementação de controles rigorosos e a divulgação clara das ações empresariais fortalecem a confiança dos stakeholders e asseguram uma gestão alinhada aos critérios ESG, trazendo segurança e previsibilidade para as operações.

Carta IBRAM ― Instituto Brasileiro de Mineração

A Carta Compromisso do IBRAM foi desenvolvida a partir de conversas sobre mineração sustentável realizadas entre 200 profissionais da indústria e tem o respaldo do corpo de Executivos e Conselheiros das empresas associadas ao Instituto.

É um marco importante na trajetória de transformação da mineração que resultou em 12 compromissos, listados a seguir, e sugestões de ações a serem adotadas para que a mineração evolua de forma mais ética, considerando seu impacto em toda a sociedade: 

  1. segurança de processos;
  2. saúde e segurança operacional;
  3. barragens e estruturas de disposição de rejeitos;
  4. mitigação de impactos ambientais;
  5. desenvolvimento local e futuro dos territórios;
  6. relacionamento com comunidades;
  7. comunicação e reputação;
  8. diversidade e inclusão;
  9. inovação;
  10. água;
  11. energia;
  12. gestão de resíduos.

Sendo assim, o documento serve como um guia para que as empresas do setor implementem mudanças efetivas, garantindo o aprimoramento constante de seus processos e contribuindo para um ambiente de negócios mais transparente.

Para tanto, é recomendado recorrer à Carta IBRAM para conferir algumas diretrizes:

Segurança de processos

Para o IBRAM, identificar e controlar perigos e fazer um bom gerenciamento de riscos são ações essenciais para que as operações de qualquer atividade econômica ocorram em níveis de segurança aceitáveis ou superiores aos padrões exigidos.

Essa diretriz visa estabelecer uma cultura de prevenção e mitigação de riscos, contribuindo para que a mineração avance de maneira mais segura e responsável.

Ações propostas:

  • contribuir para um novo arcabouço de normas e leis visando regular a mineração do futuro;
  • fomentar a criação de um centro de excelência de segurança operacional e Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) do setor mineral para compartilhar e desenvolver boas práticas;
  • criar relatório anual sobre segurança operacional, por meio de fóruns específicos entre empresas do setor mineral, instituições de ensino e órgãos não-governamentais.

Saúde e segurança operacional

O compromisso do IBRAM abrange a saúde e a segurança de todos os trabalhadores diretos e indiretos. A ideia é ampliar medidas inovadoras que garantam condições adequadas de trabalho, protegendo a vida e a integridade física, por meio de ações que eliminem fatalidades e enfermidades incapacitantes.

Ações propostas:

  • buscar a implementação de instrumentos que se proponham a zerar as fatalidades e doenças ocupacionais incapacitantes;
  • garantir uma gestão de riscos integrada aos demais processos, de forma eficiente, servindo de referência no Brasil;
  • promover o investimento em inovações tecnológicas, pesquisas, desenvolvimento e capacitação voltados à promoção da saúde e à adequação do ambiente de trabalho, visando minimizar a exposição das pessoas aos riscos.

Barragens e estruturas de disposição de rejeitos

Outro compromisso assumido pelo Instituto a favor da sustentabilidade na mineração foca em seguir os melhores padrões mundiais e adotar como prática a transparência e a divulgação das informações para reforçar a confiança e a segurança nas operações.

Uma medida que se aplica, sobretudo, em relação aos impactos gerados pela atividade mineradora em caso de sinistro e as ações emergenciais.

Ações propostas:

  • dar transparência e ampla visibilidade na gestão e na utilização de barragens;
  • desenvolver pesquisas em otimização de processos com a Academia e fornecedores, visando reduzir a geração de rejeitos e adotar novas práticas para a disposição;
  • estimular que as empresas privilegiem uma conduta cautelosa na gestão de risco das barragens, evidenciando ações de mitigação com transparência e visibilidade.

Mitigação de impactos ambientais

Reconhecendo que os impactos ambientais fazem parte da atividade minerária, o IBRAM reforça a importância de estudos e controles ambientais que possam prevenir, mitigar, recuperar ou compensar esses efeitos.

Essa abordagem contribui para a preservação dos ecossistemas e da biodiversidade, incentivando o aprimoramento contínuo das práticas ambientais.

Ações propostas:

  • incorporar e internalizar todas as medidas de controle ambiental nos planos de negócio, buscando a melhoria das técnicas no processo de mineração, com otimização e desenvolvimento de tecnologias para garantir maior controle;
  • planejar, implantar e operacionalizar as medidas de fechamento de mina e minimização dos passivos ambientais, sempre com a participação da sociedade;
  • incentivar a integração das empresas que operam na mesma região para a implantação das melhores práticas de controle ambiental, considerando os impactos sinérgicos e cumulativos.

Desenvolvimento local e futuro dos territórios

Para destacar a mineração como aliada do desenvolvimento sustentável, o IBRAM incentiva uma postura de preservação e respeito às características locais.

As atividades minerárias, quando geridas de forma inclusiva, podem compartilhar valor com todas as partes interessadas, contribuindo efetivamente para o futuro dos territórios onde atuam.

Ações propostas:

  • fomentar a governança multissetorial nos territórios mineradores para definir uma agenda positiva e transformadora, compartilhando valor para todos os envolvidos;
  • incentivar as mineradoras a ampliar investimentos em ações voluntárias para o desenvolvimento local, além das ações de gestão de impacto;
  • estimular a adoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecendo agendas que contemplem as potencialidades e especificidades dos territórios;
  • incentivar as empresas a criarem e implementarem programas de formação de lideranças, tanto no setor mineral quanto na multiplicação de boas práticas para o desenvolvimento de longo prazo.

Relacionamento com comunidades

Também é de entendimento do Instituto que o relacionamento com as comunidades deve ser pautado na proatividade e no respeito, e na promoção de diálogos francos e participativos que reconheçam as realidades e expectativas locais

O ESG na mineração também passa por construir um relacionamento sólido e transparente para que a atividade seja integrada à dinâmica social das regiões de atuação.

Ações propostas:

  • desenvolver programas que atendam às expectativas da sociedade em relação à saúde, segurança, meio ambiente, relações comunitárias, diversidade, inclusão e impactos, por meio de um diálogo participativo constante;
  • promover e ampliar o acesso da sociedade a canais de diálogo com o setor, garantindo que as demandas e os interesses da população sejam ouvidos nas tomadas de decisão;
  • preparar os profissionais da mineração e as comunidades para os desafios futuros, reconhecendo e valorizando todas as interfaces e pontos de vista;
  • construir, em conjunto com a sociedade, mecanismos de transparência e acompanhamento na aplicação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM).

Comunicação e reputação

A comunicação é vista como um pilar fundamental para a construção de uma imagem positiva e transparente do setor. Por isso, o IBRAM defende o uso de uma linguagem acessível e compreensível, que reforce a agilidade, a clareza e a autenticidade na transmissão das ações e dos riscos inerentes à atividade minerária.

Ações propostas:

  • apresentar o setor à sociedade, detalhando os riscos e as ações de mitigação de forma próxima, ágil, transparente e coerente;
  • fortalecer a presença institucional do setor em todas as esferas governamentais – municipal, estadual e federal;
  • incentivar a adoção de programas e práticas de compliance dentro das mineradoras, garantindo a integridade e a confiabilidade das práticas adotadas.

Diversidade e inclusão

O respeito à diversidade e o compromisso com a inclusão são princípios essenciais para promover um ambiente de trabalho mais justo e equitativo. O IBRAM reconhece que a valorização das diferenças fortalece a cidadania e o desenvolvimento sustentável do setor.

Ações propostas:

  • encorajar as mineradoras a criar ambientes que valorizem a diversidade e promovam a inclusão, possibilitando que todos os profissionais desenvolvam seu pleno potencial;
  • incentivar a implementação de ações afirmativas para valorizar identidades diversas, com foco especial em gênero, etnia, LGBTQI+, pessoas com deficiência, refugiados e povos tradicionais;
  • estimular o setor a preparar seu ambiente interno para acolher e integrar a diversidade em todas as suas formas.

Inovação

A inovação é aliada da mineração sustentável, uma vez que pode elevar a eficiência e reduzir os impactos da atividade.

Por meio da adoção de novas tecnologias e soluções, o Instituto busca ampliar o debate e estimular o desenvolvimento de projetos que transformem o setor, com foco especial em segurança, meio ambiente e desenvolvimento social.

Ações propostas:

  • incentivar o aumento dos investimentos em projetos de inovação e tecnologia, focando em áreas como segurança, uso da água, energia, gestão de rejeitos e desenvolvimento social;
  • expandir a busca por soluções colaborativas por meio da inovação aberta, promovendo a cooperação entre os diversos agentes do ecossistema do setor mineral, através do Mining Hub.

Água

O uso consciente e racional da água é uma prioridade para o IBRAM, dada a importância desse recurso nos processos minerários. A ideia é promover a preservação dos mananciais e garantir a qualidade da água, maximizando a disponibilidade hídrica para a sociedade e para o meio ambiente.

Ações propostas:

  • estabelecer uma metodologia uniforme para definir indicadores de desempenho no uso e consumo da água, definindo metas de redução gradativas e publicamente explicitadas;
  • tornar públicas e acessíveis as informações sobre o uso, consumo e qualidade das águas e efluentes na indústria da mineração;
  • participar ativamente e apoiar os comitês de bacia hidrográfica, ampliando o escopo dos estudos para incorporar mudanças climáticas e propor ações estratégicas para o setor e para a sociedade.

Energia

Por sua vez, a discussão sobre o uso de fontes alternativas de energia destaca-se pelo objetivo de enfrentar os desafios das mudanças climáticas e a crescente demanda por insumos naturais.

Assim, o IBRAM defende a ampliação do uso de energia renovável e a melhoria da eficiência energética nas operações minerárias, demonstrando uma postura responsável e sustentável.

Ações propostas:

  • fomentar a redução do consumo de insumos naturais energéticos por meio da melhoria da eficiência de equipamentos e processos produtivos;
  • planejar o aumento do número de fontes de energia renovável na matriz energética das atividades minerais;
  • incentivar a realização de fóruns para a troca de experiências e a análise de benchmarkings intra e intersetoriais, além da elaboração de guias técnicos que disseminem boas práticas no uso da energia.

Gestão de resíduos

Por fim, a sustentabilidade na mineração passa pela atenção estratégica à gestão dos resíduos; um dos grandes desafios da indústria mineral.

O Instituto se propõe a incentivar a redução, o reaproveitamento e a transformação dos resíduos gerados, por meio da aplicação de novas tecnologias e de uma abordagem alinhada à economia circular, minimizando os impactos socioambientais.

Ações propostas:

  • encorajar o fortalecimento da gestão de resíduos, com foco na redução e no envolvimento de todas as partes interessadas;
  • promover e desenvolver políticas e estudos que apontem as melhores práticas para a gestão de resíduos ― sejam rejeitos, estéril ou outros ―, visando reduzir os impactos ambientais;
  • fomentar a criação de novos negócios que, dentro do conceito de economia circular, transformem os resíduos em novos produtos.

Conte com uma parceria técnica e estratégica para adotar medidas de sustentabilidade na mineração

Adotar práticas com foco na mineração sustentável é cumprir uma exigência regulatória, responder às expectativas da sociedade e aproveitar oportunidades estratégicas para liderar com inovação e ética.

Ao integrar os pilares de ESG em seus processos, sua empresa pode elevar seus padrões operacionais e se posicionar de forma mais competitiva no mercado local e global.

Na BVP Geotecnia e Hidrotecnia, acreditamos que um trabalho técnico rigoroso e a busca contínua por novas tecnologias podem transformar positivamente vidas e preservar o meio ambiente.

Conheça nossos serviços e junte-se a nós nessa jornada de transformação focada em segurança operacional e a governança responsável!

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